No dia internacional da mulher, em meio a guerra pipocando nos jornais fica até difícil de pensar em comemoração. Me sinto meio egoísta. Por outro lado não posso negar o orgulho de ter chegado até aqui SENDO MULHER.
Tenho tantas fases que imagino deixar meu marido doidinho pra entender e perceber quem eu sou em determinado momento.
Já tive cabelo longo natural, longo com progressiva, franja marcada na testa, corte Chanel, e agora exibo por aí um cabelo nos ombros, meio enrolado/ meio liso, com pontos de luzes naturais brancas que me acompanham desde os vinte e poucos anos e não me incomodam nem um pouco - acho até cheios de estilo!
Na minha jornada da vida, tenho me preocupado muito mais com o meu bem estar e minha saúde mental. Aprendi a me observar: meu corpo, meus ciclos - profissionais, de amizade, familia, e principalmente o tão esquecido ciclo menstrual (o mais silencioso e mais barulhento dos ciclos).
Aprendi a dizer NÃO, a dizer quando não estou bem e a evitar pessoas e lugares.
Encontrei uma psicóloga para chamar de minha, recorro a terapias alternativas com o coração aberto quando acho necessário e não ligo nem um pouco para o que os outros vão achar sobre isso. Percebi que escrever alivia o coração. Entendi que preciso de atividade física para acalmar meus pensamentos e ter mais carinho pelo meu corpo. Tá na lista pra esse ano: fazer aulas de ioga, ter rotina de meditação e tirar cada vez mais tempo pra mim.
Em 90% dos meus dias, você vai me encontrar por aí usando Vans e Converse, roupas confortáveis e com uma grande probabilidade de serem preto e branco. Mas tem os 10% não é... aqui posso estar usando todo o resto: um body super cavado, um vestido com decote generoso, aquele shortinho curtíssimo que toda mulher tem no guarda-roupas, ou até aquela lingerie quase secreta que só um sortudo ve. Não preciso de padrões. Não sigo moda e uso aquilo que me sinto bem.
Quando fazia minha transição de carreira e me dedicava mais aos cuidados de casa e da familia até ter certeza do que faria, ouvi de um homem que não faz parte do meu círculo de amizade dizer: "mas mulher tem que trabalhar". A frase vinha acompanhada de um olhar de reprovação caso eu decidisse me dedicar apenas a minha casa. Não tive resposta, me silenciei indignada por dentro. E se a minha escolha fosse me dedicar exclusivamente a familia, qual seria o problema?
Nossos desafios são diários: se resolvemos ficar em casa cuidando do lar, ouvimos que temos que ter uma profissão e independência financeira, se vamos a luta no mercado de trabalho, de vez em quando nos questionam se não estamos deixando a família de lado. Estamos sempre sendo questionadas pelas nossas escolhas e chave secreta está aí: como eu reajo a tudo isso?
Eu não reajo mais. Não devo explicações a quem não faz parte da minha caminhada. Sou hoje quem eu quero ser, e se por acaso amanhã eu quiser mudar (minha cabeleireira que o diga!) não vejo problema nenhum nisso.
Não tenho corpo de modelo, não tenho cabelo padrão e nem me visto como esperam de uma mulher - delicada, feminina e por dentro da moda, e ainda assim sou mulher com um puta orgulho!
Feliz dia a todas que seguem firmes nos desafios, que não deixam a peteca cair e ainda assim seguem seus sonhos. Pra vocês o meu mais sincero parabéns mulherão da porra!